Dia 09/10, no
Clube Farrapos, a reunião mensal dos Centauros apresentou, como palestrante, o
Coronel Francisco
Antônio Mondadori Valle que iniciou
a sua fala com um texto de Peter Ferdinad Drucker que era filósofo e administrador e foi
considerado o pai do Marketing moderno e da administração moderna:
“Se você reparar neste mundo em rápida
transformação, é melhor prestar atenção ao que ele está dizendo. Implica
afirmar que as forças que exercem maior influência sobre as organizações vêm de
fora delas, não de dentro” (Drucker).
O coronel Valle
lembrou a palestra do mes passado, quando o Coronel Nelson Pafiadache citou que “o
novo sempre vem”.
Disse que neste ano
de 2012 a Brigada Militar completará 175 anos de relevantes serviços prestados
à comunidade gaúcha e brasileira; entretanto, poucos são os que conhecem
verdadeiramente a sua história.
A partir daí
mostrou um levantamento feito por ele no IPBM – instituto de Pesquisas da
Brigada Militar – verificando e analisando os trabalhos feitos por Oficiais
integrantes dos Cursos Regulares da BM: Antigo CSPM, atual CEPGSP - Curso de Especialização em Políticas e Gestão de
Segurança Pública. Amostra: 115 monografias
do CSPM e CEPGSP; período de 1979 a 2000.
Os objetivos do
levantamento e da análise foram:
1 - Verificar a tendência ou interesse nos estudos
e pesquisas no âmbito da Brigada Militar e os reflexos e influências desses
procedimentos;
2 - Apresentar a Corporação, sua origem, ações,
percurso, inserção social, evolução e possíveis rumos no que se refere ao
ensino e pesquisa;
3 - Discorrer sobre sua forma de atuação, suas
mudanças históricas, compreender como são percebidas as alterações do ambiente
no qual ela atua;
4 - Indicar quais as influências que repercutiram
na cultura e nas estratégias institucionais da Brigada Militar.
Disse que o
ensino sempre foi o vetor de adaptações da BM, assim para evitar reflexões e
análise, houve um periodo de “congelamento de nossas mentes”, com a Academia de
Polícia Militar fechada por quatro anos.
Afirmou, com certeza, que em algum momento os
oficiais que elabororaram esses trabalhos tiveram a oportunidade de colocar em
prática esses estudos ou, talvez, até influenciar no processo.
Assim, uma análise
dos trabalhos permite se ter uma idéia de determinadas posições tomadas ao
longo destes 30 anos de análise e se ter uma percepção das mudanças e os
momentos que ocorreram.
Concluiu que a partir de 1979, quando se iniciou a
elaboração de trabalhos científicos, as mudanças ocorreram sem percepção e sem
controle da Corporação, pois mesmo trabalhando com planejamento e organização,
não dispomos de um órgão de análise estratratégica em nível de Corporação.
É notório que as
mudanças na Corporação se deram por fatores externos, na sua maioria, com
permissividade e acomodação do seu Quadro de Oficiais. A BM mudou porque em
algum momento alguém pensou e no momento oportuno influenciou.
Assim, até a
década de 80 o que norteava era o “positivismo”, numa transmutação do militar
para o policial. Com a Constituição de 1988 e as idéias do koban, modelo
japonês de policiamento de bairros, e outras correntes de policiamento, passou-se
a dar enfase para o social e comunitário.
Hoje estamos na
terceira onda, onde está sendo dado espaço para tecnologias e maximização dos
recursos humanos e materiais.
No ensino há uma
migração do estudo da cultura e estratégias para um pensamento crítico/analítico.
O caminho a ser trilhado nas pesquisas é
indefinido, como um “nevoeiro”, porém apresenta alguns sinais satisfatórios
como resultado dessa grande alteração no âmbito do Ensino e Pesquisa,
destacadamente no CSPM/CEPGSP. Cabe, neste momento, enfatizar que muitos dos
integrantes do mencionado curso, em poucos anos após a sua conclusão, galgam
posições de alto comando na Brigada Militar. É nessa situação que passam, esses
ex-alunos, a definir e implementar novas estratégias para o cumprimento da
missão da Corporação.
Assim, a cultura organizacional, como o conjunto de
valores, conceitos e procedimentos socialmente aceitos numa organização,
certamente tem recebido impactos dessa mudança paradigmática, consequentemente
expandindo reflexos sobre essa instituição sesquicentenária.
A CULTURA ORGANIZACIONAL
A cultura de uma organização se constitui numa
variável importante, capaz de se constituir num complicador ou num aliado na
implantação de novas políticas administrativas, relacionando-se também ao seu
desempenho econômico.
Os elementos mais importantes na constituição da
cultura são os valores, as crenças e pressupostos; os ritos, rituais e
cerimônias; os símbolos; as estórias e mitos; os tabus; os heróis; as normas; a
comunicação.
Estes aspectos estruturais da cultura “brigadiana”
foram reforçados por toda a sua história, repleta de atos de heroísmo, por
participação em conflitos e por uma forte estrutura e regime
jurídico-militares.
O Grupo Centauro destaca a qualidade do palestrante
e a grande necessidade da corporação considerar, urgentemente, a utilização de
trabalhos existentes no IPBM, elaborados por Oficiais, com foco no aprimoramento
e manutenção da instituição realizando a sua missão constitucional.
Após foi servido o tradicional jantar de
confraternização.