segunda-feira, 22 de outubro de 2012

INSEGURANÇA PÚBLICA


Atualmente, a grande polêmica que domina uma parcela significativa da sociedade brasileira recai na insegurança pública, um sentimento que todos compartilhamos, especialmente quem reside e trabalha em grandes centros urbanos. Busca-se maior efetivo policial, novas tecnologias e estratégias de combate ao crime, intercâmbios com instituições estrangeiras, modificação da legislação penal e uma série de outras ações para reduzir o índice de violência e criminalidade. Mas 'poucos se atrevem a apontar o sistema carcerário nacional como um dos responsáveis pela situação de crirninalidade em que vivemos.
 
Continuamos com a visão de que o preso tem que pagar por seus crimes com sofrimento e agonia, em um estado de suplício, como era apregoado na Idade Média, quando havia castigos físicos cruéis. Este quadro é reproduzido ainda hoje no interior de grande parte dos estabelecimentos penais brasileiros, onde mais de meio milhão de apenados sobrevivem sem as mínimas condições de higiene e espaço, alguns amontoados em delegacias distritais, condições não compatíveis com a Lei de Execuções Penais. E, nestas condições, falar em ressocialização é apenas um lampejo acadêmico onde muitos desconhecem a realidade.
 
O resultado deste cenário escabroso não poderia ser outro. O crescimento da violência e da criminalidade, reproduzindo um modelo imposto pelo próprio Estado. Neste sentido, as estatísticas são assustadoras, pois apontam alto índice de reincidência, em tomo de 60% dos delitos praticados nas grandes metrópoles do país, cometidos por egressos do sistema penitenciário na condição de foragidos (1,5 milhão) ou em liberdade provisória, além dos 3 milhões  de mandados de prisão expedidos e ainda não cumpridos por falta de vagas no sistema, entre outros fatores.
 
Não se trata aqui de defesa da população carcerária. Mas seria prudente conhecermos outro lado da questão para uma análise mais ampla do fenômeno de epidemia criminal que ataca a população e pela qual muitas vítimas já nem registram ocorrência por sentirem-se afortunadas de não terem sido alvo de uma violência ainda maior. Para atingirmos a tão desejada tranquilidade pública, além do fortalecimento das instituições policiais, será necessária também uma reavaliação urgente do que está ocorrendo dentro das cadeias e o que pode ser feito para melhorar as condições dos apena- dos no cumprimento das penas, nem que para isso tenha que se privatizar os estabelecimentos penais, como já ocorre em outros países.
 
E a adoção de medidas complementares, como oferecer oportunidades para esta massa, em sua grande maioria na faixa etária entre 23 e 45 anos, para se reinserir na sociedade tomando-se pessoas economicamente ativas. Atualmente, pelo cenário que se apresenta, não podemos falar em segurança pública sem tratar do sistema penitenciário nacional, cuja população cresce vertiginosamente e estará nas ruas em curto espaço de tempo.
Texto de André Luis Woloszin - Maj RR
Publicado em Zero Hora de 20/10/2012
 
O Grupo Centauro entende como oportuna a presente publicação, visto que o Maj Woloszin aborda o tema com propriedade e conhecimento de causa, valorizando sobremaneira a CNS.

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