domingo, 7 de agosto de 2011

DE PARANÓIA E DE “MICO”


Alberto Afonso Landa Camargo

A paranóia é muito conhecida e minha avó sempre recomendava-nos cautela com os que sofriam do problema. “Não olha muito pra ele que ele tem mania de perseguição e vai te destratar”, dizia ela na sua simplicidade e sabedoria. Eu só desconhecia quão constrangedora pode ser quando atrelada ao “mico”.

Qualquer brigadiano sabe que sempre foi comum a organização de grupos informais na Brigada Militar. Normalmente eram formados para congraçamento entre pessoas afins e sempre tivemos grupos representativos de turmas de formação nos diversos níveis corporativos, grupos de inativos, grupos dentro de cidades específicas, dentre outros, todos com a finalidade de reunião, congraçamento, relembranças de tempos idos, enfim, uma ação saudável e proveitosa sempre incentivada por nossos superiores hierárquicos, que viam neles a preservação da história, amizade e a possibilidade de estudos visando a preparação do futuro, coisa que hoje a nossa alienação impede porque nos fechamos nesta sempre nociva “mania de perseguição”.

No ano passado, houve a necessidade, às últimas horas e à premência, de constituição de um grupo voltado à conquista de uma vantagem financeira que já havia sido concedida a todos os funcionários públicos, menos para os oficiais de nível superior da Brigada Militar. Foi formado diante da inanição da Associação dos Oficiais da Brigada Militar, a qual não estava interessada na busca da vantagem, embora a injustiça atingisse somente o grupo dos oficiais de nível superior. O grupo se reuniu, lutou bravamente, foi à Assembléia Legislativa pressionar deputados, sofreu revezes, foi ofendido e destratado por subordinados e ninguém queixou-se que o grupo poderia ser o estopim de algum golpe para assumir a Associação dos Oficiais. Obtida a vantagem pretendida, todos sentiram-se felizes. Como sempre acontece, no entanto, teve aproveitadores, casuístas, que reivindicaram a iniciativa e a propriedade, fizeram inflamados discursos personalistas, quando sua trajetória no grupo foi apenas comparecer à Assembléia para sentar ao lado de magistrados que buscavam interesses que nada tinham a ver com os nossos. Enfim, houve conseqüências das mais previsíveis encaminhadas pelos aproveitadores de plantão que estão sempre esperando o momento para usufruir alguma vantagem pessoal.

Findo o processo e consolidada a conquista, aqueles que verdadeiramente o compunham e lutaram, resolveram continuar se reunindo e formaram o Grupo Centauro, entidade informal com objetivo de congraçamento, união, discussão de temas de interesse coletivo e prontidão para, a qualquer momento, se falhar nossa entidade classista a exemplo do que já ocorreu no ano passado, estar mobilizado para a busca dos nossos interesses comuns sem precisar de mobilização às pressas, esta sempre um entrave a fazer com que os objetivos acabem demorando mais do que deveriam.

Pronto! A criação do Grupo Centauro foi vista pelos paranóicos de plantão como a tentativa de dar um golpe para assumir as rédeas da Associação dos Oficiais da Brigada Militar. Anunciam com pompas e circunstâncias a iniciação de conluios com vistas a boicotar qualquer iniciativa da Associação de chegar a algum objetivo. De um momento para outro, aquelas mesmas pessoas que no ano anterior reuniam-se e eram aplaudidas pela iniciativa de mobilizar-se na busca de objetivos comuns, foram travestidas pelos paranóicos da discórdia e da desavença de interesseiros que outros fundamentos não têm senão o de lutar pela instalação do caos. E não adiantaram explicações. Os paranóicos continuaram a gritar aos quatro ventos que o Grupo Centauro outro objetivo não tem a não ser dividir a Associação dos Oficiais, concorrendo para que nada dê certo.


Pois estes dias, tivemos a notícia de que mais um grupo foi criado. O Grupo Bracelete. Sem sequer conhecerem o Grupo, sem saberem quem são seus membros, desconhecendo os objetivos porque nunca se preocuparam em conversar com ninguém, os paranóicos, como se fossem super-heróis de capas flamejantes e vistosos distintivos e uniformes, saltaram aos quatro ventos para anunciarem que se criava mais um grupo a dividir a Associação dos Oficiais e a boicotar iniciativas.

Debocharam anunciando que faltavam serem criados outros grupos. E até sugeriram alguns relembrando nomes distintos, ainda que tenham deixado de fora grupos com objetivos de proteger parentes e apaniguados que visam colocar suas túnicas sobre cadeiras estranhas à Brigada Militar, mas que contemplam seus membros com vantagens especiais que não atingem a maioria dos brigadianos que batem coturnos diariamente nas ruas correndo os riscos da profissão que abraçaram e exercem com orgulho.

Voltando ao assunto, visitando o saite da Associação dos Oficiais da Brigada Militar, encontrei e li no endereço http://www.asofbm.com.br/noticias/index.php?id=1320&tipo=3&area=amarela uma nota do seu presidente dizendo que o Grupo Bracelete tem o apoio da entidade representativa dos oficiais da Brigada Militar e, assim, incentiva que outros existam porque têm participação efetiva nos objetivos de fortalecer a classe.


O mesmo presidente que já esteve visitando o Grupo Centauro e demonstrou coerência ao enaltecê-lo, da mesma forma que o fez com o Grupo Bracelete, por ser um dos tantos instrumentos que podem ser espalhados pelo Estado com vistas à união de forças em benefício dos objetivos que buscamos com tanto afinco apesar das paranóias continuarem atuantes.

E os paranóicos de plantão pagaram “mico”, pois foram bombasticamente desmentidos pelo presidente da Associação dos Oficiais.

Resta saber agora, quando os paranóicos de plantão encaminharão suas desculpas ao Grupo Bracelete (ao Centauro não precisa, pois a antigüidade já o fez unicamente rir desta gente...).

A não ser que esta paranóia dos plantonistas os faça crer piamente que o golpe na Associação já ocorreu e que o presidente foi coagido a emitir a nota porque tinha uma pistola apontada para a cabeça...


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