O perigo da desmilitarização
EDITORIAL
CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO
BRAZILIENSE - 21/05
O cidadão de bem, que tem o
direito de ir de casa para o trabalho e voltar sem ter de deixar o que ganhou
honestamente nas mãos de algum marginal, precisa ficar atento a uma armação
ainda mais perigosa para a sua segurança. Está nas ruas e nas mídias uma campanha
de desmoralização das polícias militares, como se os verdadeiros bandidos não
fossem os marginais do tráfico nem os políticos que enriquecem com desvios de
verbas públicas.
Pior é o que está por trás
de tudo isso: encoberta por um discurso que parece ser politicamente correto, o
que realmente se pretende é aprovar uma mudança na Constituição Federal (PEC nº
51/2013), que simplesmente acaba com as polícias militares.
Constitucionalmente
organizadas, mantidas e comandadas pelos governos estaduais, as polícias
militares são entendidas como forças auxiliares da segurança do país, mas com
foco, formação e dedicação exclusiva, nos tempos de paz, às atividades de
segurança pública. São treinadas para o policiamento ostensivo e ações que,
eventualmente, exijam o braço forte do Estado para garantir a ordem, o
cumprimento da lei e das decisões judiciais.
Depois de tentar desarmar
toda a população por meio de um referendo popular em 2005, que se transformou
em tiro no pé dos autores, os atuais donos do poder político no Brasil pensam
ter encontrado na eliminação das polícias militares um meio de esvaziar um
poder armado sobre o qual não têm controle absoluto. Para quê?
Se os propósitos são
inconfessáveis, os meios para alcançar tal objetivo são conhecidos. Basta que
um policial militar - que, infelizmente, ainda é mal preparado para certas
situações de confronto com o crime - cometa um erro para que toda a corporação
militar seja questionada, numa generalização injusta e intolerável. Exemplos
gritantes são frequentes no Rio de Janeiro, onde a força tomou pontos que antes
pertenciam ao tráfico.
Um civil baleado, mesmo
antes de saber quem disparou, é imediatamente usado para manifestações contra a
polícia e a política de pacificação dos morros. Não é por acaso que o autor da
emenda constitucional que propõe desarmar a defesa do cidadão é senador pelo
Rio de Janeiro, Lindbergh de Farias, do PT, e pretende assumir o governo
daquele estado.
Mas as pessoas de bem, assim
como desconfiaram dos propósitos do desarmamento forçado em 2005, ainda têm
tempo para rejeitar mais essa manobra para concentrar poder - inclusive o de
fogo -em Brasília. Ninguém deve se enganar com os lobos mansos. Terão mais
facilidade de entender o que se passa os amantes do cinema que conhecem a obra-prima
O garoto, de Charles Chaplin, em que o menino atirava pedras nas vidraças antes
de seu protetor, Carlitos, oferecer serviços de vidraceiro. Ou seja, trata-se
de criar uma necessidade, um clima, para se encaminhar uma falsa solução.
Nas recentes manifestações
de rua, militantes foram pagos para atirar fogos contra a polícia e, com isso,
provocar reações que pretendem enganar o cidadão menos avisado, induzindo-o a
aceitar a falsa necessidade da desmilitarização daqueles que, se não podem
evitar políticos mal intencionados, pelo menos tentam defender as pessoas dos
marginais violentos. Em vez de acabar com as polícias militares, mais ajuizado
será dar-lhes melhores condições de exercer seu papel.
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